Vital Brasil - Cédula de 10.000 Cruzeiros - Iconografia


A temática da cédula de Cr$ 10.0000,00 (dez mil cruzeiros) é dedicado a um médico que, notabilizado pelos seus estudos sobre animais venenosos e pela descoberta e produção de soros antiofídicos, é considerado um dos maiores cientistas sul-americano e benfeitor da humanidade - Vital Brazil.


Anverso


Temos efígie de Vital Brazil em calcografia, baseada na fotografia de 1919 conforme imagem reproduzida abaixo. Á esquerda, uma gravura que representa cena clássica de extração do veneno, tarefa básica para a produção de soros. À direita, temos um elemento de segurança, desenho da cabeça de uma urutu, marca a coincidência perfeita entre o anverso e reverso. O fundo de segurança (ofsete), desenvolvidos mediante computação gráfica, baseiam-se em fotos de escamas de jararacas e cascavéis.

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Reverso          


Um painel calcográfico traz a representação de um serpentário, com destaque para a cena de uma cobra muçurana devorando uma jararaca. Essa imagem, além de representar um tema de especial instigação científica de Vital Brazil, constitui uma alegoria da luta do bem contra o mal, servindo de "ex-libris" e símbolo de toda a obra do homenageado. Os fundos de segurança (ofsete) baseiam-se em detalhe dos movimentos de serpentes e suas diferentes epidermes. O registro coincidente - cabeça de uma urutu - fica à esquerda da cédula.  

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Especificações básicas:

Órgão emissor: Banco Central do Brasil

Empresa Impressora: Casa da Moeda do Brasil

Dimensões básicas: 140 x 65 mm

Cores predominantes:  Cinza e laranja

Período de circulação: 26.4.1991 a 15.9.1994

Projeto gráfico: Marise Ferreira da Silva e Júlio Pereira Guimarães

Gravuras manuais: Zélio Bruno da Trindade (anverso) e Mário Dittz Chaves (reverso)

Processos de impressão: Calcográficos, ofsete e tipográfico 


Homenageado

Vital Brazil mineiro da Campanha (1865-1950) lutou com grandes dificuldades financeiras para estudar, e exerceu diversas profissões humildes até formar-se na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, em 1891. Havia pouco tempo que Pasteur aplicará a primeira vacinação anti-rábica, e a bacteriologia e a imunologia viviam tempos profícua efervescência, o que muito estimulou o interesse do jovem médico pela pesquisa científica.                       

Após atuar no combate a epidemias que grassavam na época, Vital Brazil dedicou-se intensamente a trabalhos de pesquisa. No limiar do novo século, participou em São Paulo da fundação e foi nomeado o primeiro diretor do Instituto Butantã, entidade que viria a representar um marco da ciência experimental e cujas pesquisas revestiam-se de espírito de vanguarda a exemplo do Instituto Pasteur de Paris.    

Descobridor da especificidade dos soros antiofídicos, Vital Brazil desenvolveu os primeiros soros comprovadamente eficazes contra os venenos crotálico (cascavéis) e botrópico (jararaca e outras espécies), assim como soros polivalentes, solucionando o problema terapêutico do ofidismo no continente americano. Aliando qualidades de administrador às virtudes de cientista, fez o Butantã funcionar com pequeno quadro de pessoal e conseguiu, sem maior aparato burocrático, propagar o uso do soro antiofídico, distribuí-lo pelo interior do País e estabelecer eficiente intercâmbio com os fazendeiros e divulgar medidas profiláticas.

Em 1919, deixou a direção do Butantã e fundou na cidade de Niterói, o Instituto de Higiene, Soroterapia e Veterinária, entidade que recebeu seu nome e que dirigiu até os anos 40, dela fazendo outra das maiores instituições científicas sul-americanas. O Instituto Vital Brazil, também pioneiro na produção de soros, vacinas e medicamentos, tornou-se, como o Butantã, centro de geração de conhecimento na área de imunoterapia.

A obra de Vital Brazil tornou-se internacionalmente conhecida, apesar de sua divulgação ter encontrado opositores até sob o argumento de que imagens associadas a serpentes constituíam "propaganda contra os foros de civilização do Brasil". Na época, esses e outros obstáculos foram enfrentados com serenidade e perseverança pelo cientista, autor da frase: "A Medicina não é suficiente para fazer uma nação saudável e feliz. As moléstias têm sua raiz na ignorância".


Um fraternal abraço a todos.

Rudi De Antoni.:

 

Fonte de consultas:

Banco Central do Brasil

Museu Vital Brazil

Instituto Vital Brazil

Imagens:

 Cédula da coleção de Rudi De Antoni


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