O derrame de cobre falso, dois relatos de prisões e apreensões.
Pouco depois de assumir a presidência da Província da Bahia,
em 11 de outubro de 1827, José Egídio Gordilho de Barbuda, ficou espantado com
a quantidade de moeda de cobre falso que se encontrava em circulação. Era tão
grande a quantidade de moedas falsas que, ao informar ao Imperador D. Pedro I,
por carta observou, que quando foi governar a Bahia, acreditava que iria
encontrar algumas moedas falsas circulando no meio das verdadeiras. Mas
chegando àquela Província, verificou que sucedia exatamente o contrário;
existia um pequeno número de moedas verdadeiras girando entre uma quantidade
incomensurável de moedas falsas.
Os relatos abaixo fazem parte da pesquisa do autor junto ao
APEB (Arquivo Público do estado da Bahia).
Em 15 de outubro de 1827, um grupo de cinco escravos que
carregava uma “fábrica de moedas falsas” foi interceptado pela Polícia quando
se dirigia ao “caminho das Brotas”.
Segundo testemunho dos mesmos, teriam sido contratados por
um francês, que pode ser Luís Gercent.
Tratava-se de escravos de ganho, contratados para levar um
carregamento da Rua direita do Palácio, onde supostamente ficava a casa do
citado francês, para um destino desconhecido. Um deles carregava um colchão,
outro um canapé, os outros três carregavam duas grandes caixas.
Segue a descrição do conteúdo das caixas feita pelo cabo
Francisco Gomes de Araújo, comandante geral do grupamento de polícia da Fonte
das Pedras:
E, desconfiando eu dos ditos caixotes, os revistei e achei
dentro uma fábrica de ferro de imprimir e cortar moeda com [...cada] e cunho de
80 réis e todos os seus pertences, e ainda não [...] a qual é [...da] sobre um
banco de ferro com quatro pés cada um preso com grossos parafusos e uma grossa
tarraxa onde gira o [...], e mais um serrote, uma lima, um compasso, uma goiva,
uma espingarda de dois canos, e um polvorinho.
Outra relação de objetos utilizados na fabricação
clandestina de moedas está num traslado de processo que também se encontra no
APEB(Arquivo Público do estado da Bahia) trata-se de um processo criminal
contra um grupo de supostos falsários presos numa casa na beira do rio
Jaguaribe em 10 de abril de 1828:
foram encontrados um
pouco de cobre, duas limas, dois martelos e mil duzentas e sessenta chapas para
se fabricar a moeda falsa: e bem assim seis armas, dois chuços, uma espada,
como jurão as testemunhas. (...) Junto da casa em uma moita (...) se achou uma
marmita, um saco e dentro deles estavam guardados dois pares de cunhos, e
destes um mui gasto, duas cortadeiras, uma tesoura, um compasso, três limas, um
martelo, três assentadores: instrumentos todos de fazer moeda falsa, como se
assevera no exame legal.
Um fraternal abraço a todos.
Rudi De Antoni.:
Fonte;
O DERRAME DE MOEDAS FALSAS DE COBRE NA BAHIA- Alexander
Trenttin- Monografia Universidade Federal da Bahia - Faculdade de Filosofia e
Ciências Humanas - Programa de Pós-graduação em História
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