Linha do tempo do papel-moeda no Brasil



1771- O primeiro papel-moeda do Brasil

Os bilhetes de extração dos diamantes foram o primeiro tipo de papel moeda do Brasil. Criados em 1771, serviam para financiar atividades mineradoras no Tejuco do Serro Frio – hoje a cidade de Diamantina (MG) – e eram executados pela Casa da Administração Geral dos Diamantes. Em forma de recibos de custódia de ouro, os bilhetes circulavam como moeda em Minas Gerais e podiam ser usados no pagamento de tributos.

1808 - A transferência da família real

Quando a família real chegou ao Brasil, o Rio de Janeiro virou sede do Estado Imperial Português. No entanto, adaptar uma cidade colonial às necessidades da realeza não era fácil – nem barato –, exigindo grandes investimentos financiados, em grande parte, pela emissão de moeda.

O primeiro (de muitos) Banco do Brasil

Uma das soluções encontradas para financiar a instalação da Corte no Rio de Janeiro foi a criação de um banco emissor. Assim nasceu o Banco do Brasil, primeiro instalado em terras portuguesas, autorizado a emitir bilhetes com poder liberatório de moeda.

Um bilhete que valia ouro (em pó)

O príncipe regente D. João VI autorizou a impressão de bilhetes para o pagamento do ouro que era remetido às Reais Casas de Fundição do Ouro. Eles tinham valores de 1, 2, 4, 8, 12 e 16 vinténs de ouro – o que correspondia, respectivamente, a 37 ½, 75, 300, 450 e 600 réis.

 1810 - Banco do Brasil: a 1ª emissão

 Os bilhetes do Banco do Brasil foram colocados em circulação um pouco depois dos bilhetes de permuta. Eles seguiam o padrão de impressão das notas do Banco da Inglaterra e tinham um corte angular do lado esquerdo, usado para conferir a autenticidade junto ao canhoto.

Levantamento de moeda

D. João VI promoveu o “levantamento” da moeda de cobre, dobrando o valor de face dessas peças. A medida acabou facilitando a ação de falsificadores, que cunhavam suas próprias moedas e causavam prejuízo ao Tesouro Nacional

1822 - Brasil independente

 A Independência do Brasil aumentou ainda mais o endividamento do Estado, resultando em maiores emissões de moeda.

1826 - Derrame do cobre falso

Nem bem o Brasil conquistara sua independência e já tinha que lidar com um escândalo causado por moedas falsas. O episódio, que ficou conhecido como “o derrame do cobre falso”, foi especialmente grave na província da Bahia, onde se estimava que dois terços das moedas em circulação fossem falsas.

1828 - Cédulas para coibir a falsicação

Desde o ano anterior, o Império buscava coibir a circulação de moedas falsas na Bahia, ordenando que a tesouraria provincial deixasse de recebê-las no pagamento de tributos. Porém, um violento levante em Salvador obrigou o governo a tomar medidas drásticas: recolher todas as moedas de cobre da província e substituí-las por papéis do tesouro, denominados cédulas.

Mais uma emissão

O Banco do Brasil fez uma segunda emissão de bilhetes, desta vez de pequeno valor, para atender à necessidade de troco dos bilhetes de maior valor – frutos da emissão anterior. Essa segunda iniciativa coincidiu com o período em que os bilhetes do banco sofreram uma pesada desvalorização, não sendo mais aceitos pelo público senão com grande depreciação.

1829 - Liquidação do Banco do Brasil: a 3ª emissão

O Banco do Brasil teve de ser liquidado em 23 de setembro de 1829 e governo imperial se viu na obrigação de assumir a responsabilidade sobre o pagamento dos bilhetes. Em meio à liquidação, o banco ainda seria autorizado a fazer uma terceira emissão de bilhetes para retirar os bilhetes antigos da circulação.

1831 - Adeus a D. Pedro I

Em 7 de abril, o imperador D. Pedro I abdicou ao trono do Brasil, deixando como sucessor o filho D. Pedro de Alcântara, que tinha apenas cinco anos. Foi o começo de um dos períodos mais conturbados – mas também decisivos – do Império, o período regencial, que seguiu até 1940 e estabeleceu definitivamente a circulação monetária sob a forma de papel no Brasil.

1833 - Primeira reforma fi¬nanceira do Brasil

 Mesmo emancipado de Portugal, o Brasil ainda seguia o sistema monetário lusitano. A primeira reforma aconteceu em 1833, quando o padrão mil-réis foi desvalorizado perante o ouro. A moeda de cobre, pelo contrário, foi valorizada para coibir a falsificação, utilizando-se um carimbo para reduzir o seu valor de face à metade.

Acabar com as moedas de cobre

Para retirar de vez as moedas falsas da circulação e carimbar as legítimas com os novos valores, o governo decidiu ampliar para todas as províncias o resgate da moeda de cobre, substituindo-as por cédulas. Como o número de cédulas foi insuficiente para resgatar todo o cobre em circulação no Brasil, as tesourarias provinciais foram autorizadas a emitir “conhecimentos de cédulas”. Eles também circulavam como meio de pagamento, mas eram uma espécie de certificado de custódia que conferia ao portador o direito de receber cédulas no futuro.

O degredo em Fernando de Noronha

A Lei nº 52, de 3 de outubro de 1833, serviu como desfecho para o escândalo de falsificação de moedas. Em seu artigo 8º, indicava que fabricantes e introdutores de peças falsas seriam “punidos pela primeira vez com a pena de galés para a ilha de Fernando de Noronha, pelo duplo do tempo de prisão que no Código Criminal está designada para cada um destes crimes; e nas reincidências serão punidos com galés perpétuas para a mesma ilha, além do dobro da multa”.

1835 - Emissões do Tesouro Nacional

A reforma monetária iniciada em 1833 foi concluída apenas em 1835, quando o Tesouro Nacional assumiu definitivamente a responsabilidade sobre o papel-moeda brasileiro. Todos os papéis que estavam em circulação – bilhetes de permuta do ouro em pó, bilhetes do Banco do Brasil, cédulas e conhecimentos de cédulas das tesourarias provinciais – foram substituídos pelas notas que o Tesouro Nacional encomendou na Inglaterra.

1840 - Centralização no Rio de Janeiro

Em 23 de julho de 1840, o senado declarou a maioridade do infante Pedro de Alcântara. No ano seguinte, aos 14 anos, D. Pedro II foi coroado imperador. Os anos que se seguiram foram marcados por intensas transformações na economia brasileira, uma das mais importantes foi a expansão da cafeicultura no Vale do Paraíba. Na medida em que enriquecia os comerciantes instalados na corte, o café consolidava o Rio de Janeiro como centro financeiro do Império ao mesmo tempo em que a coroação de D. Pedro II fizera daquela cidade o centro das disputas políticas.

1853 - Mais um Banco do Brasil

Em 1853 nascia o terceiro Banco do Brasil, com monopólio das emissões bancárias em todo o território do Império, com sede no Rio de Janeiro. A instituição originou-se da fusão dos dois maiores bancos do período: o também chamado Banco do Brasil – segundo com esse nome, organizado em 1851 pelo Barão de Mauá – e o Banco Comercial do Rio de Janeiro.

1856 - Primeiras impressões da American Bank Note

Os primeiros bilhetes deste terceiro Banco do Brasil foram impressos pela Casa da Moeda do Rio de Janeiro. Posteriormente, o banco encomendou estampas unifaciais, ao estilo daquelas utilizadas pelo Tesouro. Da companhia estadunidense American Bank Note, pediu também a impressão de novos padrões de estampa, bifaciais, que combinavam as técnicas de calcografia e litografia com cores mais vivas.

Caixas ¬liais do Banco do Brasil

O Banco do Brasil de 1853 foi o primeiro banco brasileiro com dimensões verdadeiramente nacionais, com matriz no Rio de Janeiro e filiais nas províncias de São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Rio Grande do Sul, Maranhão, Pará e Pernambuco. A centralização era importante para o projeto do Partido Conservador, interessado em aumentar a influência financeira do Rio de Janeiro sobre as províncias.

1857 - Reforma pela descentralização

Com a ascensão do liberal Bernardo de Souza Franco ao Ministério da Fazenda, foi realizada uma reforma bancária que descentralizou as emissões de bilhetes. Seis novos bancos foram autorizados a emitir bilhetes nas províncias, concorrendo diretamente com o Banco do Brasil. Entretanto, naquele mesmo ano, uma crise financeira atingiu as principais praças do Império. Embora a crise tivesse origens externas, desencadeada pelo fim da Guerra da Crimeia, os conservadores acusavam o excesso de papel-moeda em circulação pela queda no câmbio.

1859 - Contrarreforma pela centralização

Após a queda do ministro Souza Franco, impulsionada pela crise financeira de 1857, os conservadores voltaram ao poder e realizaram uma contrarreforma financeira. Os bancos provinciais deveriam resgatar os bilhetes emitidos ou pagar uma taxa de mil réis por nota, o que inviabilizaria a manutenção das emissões. Os bancos da Bahia e da Província do Rio Grande do Sul desistiram do direito de emissão e foram transformados em bancos comerciais, os demais fizeram acordo com o Banco do Brasil e foram transformados em caixas filiais deste último.

1866 - Guerra do Paraguai

A Guerra do Paraguai (1864-1870) abalou as finanças do Império do Brasil, impondo um regime fiduciário sobre a circulação monetária. Nele, as notas do Tesouro substituíram os bilhetes conversíveis em ouro do Banco do Brasil.

1874 - A nota de menor valor

 Desde quando o papel-moeda começou a circular no Brasil, a emissão de notas de baixo valor era restringida – afinal, elas passavam de mão em mão muito rápido e, por isso, eram tidas como inflacionárias. A primeira delas foi a de 500 réis, impressa pela American Bank Note.

1888 - A última reforma do Império

 Já no final da década, a discussão sobre bilhetes bancários voltou à pauta quando a expansão das exportações de café e a elevação do câmbio permitiram convertê-los em ouro. Em 1888, o então ministro da Fazenda, Visconde de Ouro Preto, autorizou a emissão de bilhetes para substituir as notas do Tesouro Nacional. Os bilhetes dos novos bancos emissores eram fornecidos pela Caixa de Amortização em notas da 5ª estampa do Tesouro Nacional, alteradas pela tipografia Laemmert & Cia., do Rio de Janeiro.

Fracasso em Ouro Preto

Em 1888, o câmbio chegara a seu patamar mais alto desde 1846. No ano seguinte, quando começou a recuar, dificultou que os bancos pagassem bilhetes em ouro. Isso fez com que o Banco Nacional do Brasil e o Banco de São Paulo corressem para recolher os bilhetes que haviam colocado em circulação, enquanto o Banco do Comércio do Rio de Janeiro nem chegou a distribuir os seus. Era o fim de mais uma tentativa fracassada de estabelecer uma circulação bancária plenamente conversível em ouro.

1889 - Sai o Império, entra a República

Com a Proclamação da República, era preciso que o papel-moeda refletisse as mudanças políticas. Foi assim que, sob responsabilidade do Tesouro Nacional, as notas antigas foram tiradas de circulação e substituídas por novas impressões nas quais os símbolos imperiais deram espaço a brasões e alegorias da República.

1890 - A reforma de Rui Barbosa

 Primeiro ministro da Fazenda da República, Rui Barbosa se deu conta de que era impraticável exigir que os bancos pagassem em ouro os bilhetes apresentados ao caixa. Por isso, admitiu uma flexibilização dessa regra, argumentando que a abolição da escravatura, em 1888, exigia a multiplicação do meio circulante. A reforma foi aprovada em janeiro de 1890, dividindo o Brasil em regiões monetárias onde a circulação ficou a cargo de bancos. Os seus bilhetes eram resgatáveis em ouro apenas quando o câmbio fosse favorável – ou seja, na prática, eram inconversíveis.

1891 - Crescimento da especulação

 Ao mesmo tempo que a reforma bancária ampliou a oferta de crédito, uma reforma legislativa sobre sociedades anônimas facilitou a incorporação de companhias. Elas podiam até emitir debêntures e letras hipotecárias – duas modalidades de títulos mobiliários que tinham a emissão controlada no Império em razão do medo de serem usadas como meio de pagamento, desorganizando o meio circulante.

Do encilhamento à crise

As reformas monetária, bancária e legislativa, aliadas ao crescimento das exportações nos anos anteriores, impulsionaram o surgimento de novas companhias. Muitas queriam atrair compradores para suas ações, mas, mesmo prometendo altos rendimentos, não eram viáveis. Os papéis se multiplicaram no mercado de ações, e o clima de euforia foi chamado de “encilhamento”, gíria para se referir ao momento que antecede a largada dos cavalos em uma corrida. A bolha estourou em meados de 1891, gerando descontentamento com o mercado de ações.

1893 - Banco da República do Brasil

A crise do encilhamento fez com que o Governo Federal restringisse as emissões bancárias ainda em 1892, e o excesso de papel-moeda foi apontado como um fator determinante para agravar o problema. Para aumentar o controle, o monopólio de emissões foi concedido ao Banco da República do Brasil, nascido da fusão do Banco da República dos Estados Unidos do Brasil com o Banco do Brasil.

1893 - Emissões abusivas e ilegais

Depois de anos de expansão monetária, as restrições acabaram incentivando uma prática antiga: a emissão de moedas por indivíduos e comerciantes. Elas recebiam os mais diversos nomes, como vales, obrigações, cautelas e livranças. Havia também os apelidos locais, como as ficas de Alagoas, os borós do Ceará, os borrusques de Minas Gerais e os calcários, sampaios e haja-paus de Pernambuco.

Falsa, mas ofi¬cial

Os poderes municipais e estaduais aproveitaram para fazer suas próprias emissões. Apesar de consideradas ilegais pelo Governo Federal, era difícil combatê-las, já que a Constituição de 1891 concedera liberdade a estados e municípios para contraírem dívidas, inclusive sob a forma de títulos ao portador. Os defensores argumentavam que esses pedaços da dívida pública entravam em circulação em razão da escassez de moedas de níquel e de notas de pequeno valor para troco no comércio.

Praga dos vales

Apelidado de “praga dos vales”, o problema foi discutido na Câmara dos Deputados. As apólices de estados e municípios e debêntures emitidas por companhias e particulares, apesar de simularem captações de crédito, eram colocadas em circulação como moedas sem fazer referência aos juros cobrados, além de serem impressas em pequenos valores e em formato de bilhetes de banco.

1898 - Queimando dinheiro

O governo Campos Sales inaugurou seu primeiro ano no poder com uma medida drástica: queimando papel moeda. O objetivo era contrair o meio circulante, e a ação dividiu opiniões. Enquanto muitos a viram como uma solução aos excessos cometidos entre 1890 e 1892, outros criticaram duramente o governo e o ministro da Fazenda, Joaquim Murtinho, por causa da grande retração causada.

1899 - Fake news de 2 mil-réis A insatisfação geral com a política econômica do governo estava presente em discursos na tribuna do Congresso e nas páginas dos principais jornais do Brasil. A indignação deu origem a uma fake news: acusava-se o ministro Joaquim Murtinho de reproduzir o retrato de sua amante nas cédulas de 2 mil réis impressas em 1899. A estampa, contudo, era obra do artista austríaco Theodor Kiesel.

1906 - Caixa de Conversão

 A retração econômica regredia desde 1904, com o afluxo de capital estrangeiro e a elevação dos preços do café. Dois anos depois, a criação de um plano de valorização contribuiu para esse processo. Ele incluía a estabilização do câmbio e da moeda com a criação da Caixa de Conversão, que tinha como finalidade centralizar operações cambiais, atrelando a emissão monetária ao afluxo de divisas estrangeiras. Na prática, recebia depósitos em barras de ouro ou em moedas estrangeiras, emitindo suas próprias notas sobre essas reservas.

1914 - A 1ª Guerra Mundial e o fi¬m da estabilidade

A eclosão da 1ª Guerra Mundial provocou a retirada de divisas da Caixa de Conversão, obrigando-a a suspender suas emissões e encerrando um dos raros períodos em que o Brasil experimentou expansão de crédito com estabilidade cambial. Embora a Caixa de Conversão tenha finalizado operações em 1914, suas notas seguiram circulando até 1931, quando foram resgatadas e substituídas pelas do Tesouro Nacional.

1923 - Retorno das emissões do Banco do Brasil

O direito de emissão voltou ao Banco do Brasil, mas com uma ressalva: as notas seriam conversíveis em ouro apenas quando o câmbio estivesse estável. Como já ocorrera no passado, essa condição tornava a conversibilidade ilusória, gerando aumento da inflação e desequilíbrio cambial. Apesar dos percalços, o período também foi marcado pelo crescimento urbano e o avanço do processo de industrialização.

1924 - Notas de uma revolução esquecida

Em 5 de julho, Miguel Costa e Isidoro Dias Lopes – respectivamente major da Força Pública e general da reserva do Exército – lideraram um levante militar na cidade de São Paulo. Chamada de “revolução esquecida”, a ação se opunha ao Governo Federal. Os líderes chegaram a tomar a cidade, sendo obrigados por forças legalistas do exército a recuarem para o Sul do país, onde se uniram às tropas de Luiz Carlos Prestes. Deu-se assim a formação da Coluna Prestes, um dos principais movimentos de contestação da Primeira República e precursora da Revolução de 1930.

1926 - O plano de estabilização de Washington Luís

Washington Luís assumiu a presidência da República sob a promessa de estabilizar a moeda e o câmbio. O plano previa a substituição do real, – ou, como era mais conhecido, o mil-réis – por uma nova moeda, denominada cruzeiro. A reforma deveria ser executada após um período de transição, no qual o câmbio seria fixado pela Caixa de Estabilização, órgão responsável por imprimir e recolher notas conversíveis em ouro.

1927 - Notas da Caixa de Estabilização

 As notas da Caixa de Estabilização começaram a circular usando inicialmente apenas as notas das 16ª e 17ª estampas do Tesouro Nacional com carimbo e compromisso de pagamento. Depois, o órgão encomendou novas estampas com anverso padronizado e reverso com painéis de paisagens em alusão a eventos históricos.

1929 - Crise de 1929

 A queda da bolsa de Nova York atingiu em cheio a economia agroexportadora brasileira e fez desabar o programa de estabilização de Washington Luís – que, na prática, valia-se da capacidade brasileira em regular o volume das exportações de café para equilibrar o câmbio.

1930 - A Revolução de 30

Após a crise de 1929, o período de recessão veio acompanhado de instabilidade política no Brasil. Naquele momento, o poder atribuído a São Paulo e a supervalorização da pauta cafeeira deixava insatisfeitos muitos setores da sociedade, como as camadas médias urbanas, a baixa oficialidade do exército e algumas oligarquias estaduais. Esse foi o combustível para o movimento militar que depôs o presidente Washington Luís e levou ao poder uma junta militar comandada por Getúlio Vargas.

1932 - Uma nova revolução

Em 9 de julho estourou a Revolução de 1932, que colocou as forças paulistas em guerra com as tropas federais. Para manter as operações de financiamento do café, até então a cargo do Banco do Brasil, o Tesouro Estadual passou a emitir uma moeda local sob a forma de bônus do tesouro estadual para prosseguir nas operações de crédito por meio dos bancos paulistas e viabilizar as operações militares

Vale 20 pila!

Paralelamente a revolução que estourou em São Paulo, os partidários de Raul Pilla, no Rio Grande do Sul, organizaram um levante em oposição a Getúlio Vargas e ao governo estadual. As operações militares foram financiadas pela emissão de bônus que levavam a assinatura de Pilla e a esses papéis é atribuída a origem do uso da expressão “pila” para se referir a dinheiro.

1933 - Passada a tempestade, o cruzeiro

A Crise de 1929 interrompeu o plano de Washington Luís de reformar o sistema monetário que instituiria o cruzeiro. Marco de um século da primeira reforma monetária do Brasil, 1933 foi também o ano que encerrou a recessão. O ministro da Fazenda, Osvaldo Aranha, aproveitou a ocasião para apresentar ao presidente Getúlio Vargas uma nova proposta para a moeda brasileira. Ele chegou a encomendar as estampas a diversos fabricantes estrangeiros.

1942 - De mil-réis para cruzeiro

O padrão cruzeiro foi finalmente instituído em 1942: 1 cruzeiro (Cr$ 1,00) valia 1 mil-réis (1$000), e o centavo era utilizado como submúltiplo. Enquanto as novas estampas encomendadas à American Bank Note não ficavam prontas, as notas da 15ª, 17ª e 19ª estampas do padrão mil-réis receberam um carimbo do novo valor.

1943 - Getúlio Vargas: narrativa em cruzeiros

Getúlio Vargas viu nas novas estampas de cruzeiro uma oportunidade de construir sua imagem perante a população. A sequência de estampas, valores, efígies e obras de arte criavam uma narrativa de heróis dignos do panteão da nação brasileira, no qual Getúlio Vargas surgia como único personagem vivo, herdeiro daquela tradição. Sua obra, o Estado Novo, foi retratada como elemento da União Nacional, referência ao papel de Vargas na reversão da descentralização política, ocorrida após a Constituição de 1891.

1944 - Diversifi¬cação da economia brasileira

 A 2ª Guerra Mundial marcou o início de um período de intenso crescimento da economia brasileira, devido principalmente à aceleração da urbanização e da industrialização e à diversificação das exportações. O algodão foi o símbolo da época, contrabalançando o declínio da cafeicultura.

1961 - A “nota do índio” Esta cédula de 5 cruzeiros marcou a primeira de impressão moderna da Casa da Moeda do Brasil. Ela ficou conhecida como “nota do índio”, pois trazia o retrato de perfil de um indígena do lado direito.

1963- Para frear a inflação

 O processo inflacionário do início dos anos 1960 corroía rapidamente o poder de compra da moeda brasileira. Mesmo o saque de pequenas quantias exigia o uso de maletas, uma oportunidade e tanto para assaltantes. Para conter o problema, chegou a se discutir a criação do “cruzeiro forte”, uma família de moedas que teria valor liberatório maior do que as notas. O projeto era extremamente polêmico, pois implicaria a criação de dois padrões diferentes – um para moedas, outro para notas. Como alternativa, foram criadas as notas de 5.000 cruzeiros, estampadas com a figura de Tiradentes.

1965 - O Sistema Financeiro Nacional

Entre 1964 e 1965, a criação do Conselho Monetário Nacional (CMN) transformou o sistema financeiro do Brasil. A entidade tinha como função formular a política de moeda e crédito. Enquanto isso, a antiga Superintendência da Moeda e do Crédito (Sumoc) foi transformada no Banco Central do Brasil, com a tarefa de pôr em prática a política definida pelo CMN. Entre elas, estava a emissão de moedas, que desde 1835 ficara a cargo do Tesouro Nacional.

1966 - Cortando zeros

Com o avanço da inflação, o cruzeiro perdia rapidamente o poder de compra. Nas transações comerciais, os algarismos cada vez maiores dificultavam a mecanização dos processos contábeis – afinal, as calculadoras e somadoras eletromecânicas conseguiam processar um número limitado de dígitos. Foi sob esse argumento que, em 1966, foram cortados mais três zeros da moeda brasileira, dando origem ao cruzeiro novo.

1970-  Modernização da Casa da Moeda Enfim, a Casa da Moeda do Brasil foi modernizada para fabricar definitivamente o papel-moeda brasileiro. Foram compradas novas máquinas e incluídos elementos de segurança seguindo padrões internacionais. Além disso, o novo projeto gráfico equilibrava elementos para uniformizar as diversas estampas, enquanto se manteve uma identidade própria para cada valor individualmente.

1978 - Os cartemas de Aloísio Magalhães Desde 1970, o artista Aloísio Magalhães era responsável pelas estampas das cédulas brasileiras. Em 1977, apresentou a de 1.000 cruzeiros, a primeira da nova família dos cruzeiros. O projeto gráfico obedecia ao princípio do cartema, técnica bastante usada pelo artista que consistia em unir dois ou mais elementos por meio da colagem, criando uma nova identidade visual.

1984 - O reflexo da abertura política

O período de abertura do regime militar brasileiro foi marcado, também, por uma drástica transformação no projeto gráfico das cédulas. Ganhavam espaço temas como as artes e a ciência, enquanto personagens e fatos políticos se tornavam mais escassos. Na nota de 10.000 cruzeiros, por exemplo, ainda se vê a imagem de Rui Barbosa, jurista que representou o Brasil na Segunda Conferência da Paz, realizada em Haia no ano de 1907.

1985 - Nova República no último cruzeiro

A cédula de 100.000 cruzeiros foi a primeira impressa no governo civil de José Sarney, inaugurando o período da Nova República. Ela retrata o ex-presidente Juscelino Kubitschek, cuja imagem se opunha à do regime militar, evocando a ideologia do nacional-desenvolvimentismo por meio de representações dos investimentos em infraestrutura e da arquitetura de Brasília.

1986 - Plano Cruzado Uma nova mudança no padrão monetário ocorreria em 1986 com a implementação do cruzado (Cz$), que passava a valer 1.000 cruzeiros. Inicialmente, o Banco Central aproveitou as cédulas de 10.000, 50.000 e 100.000 cruzeiros que foram carimbadas com os valores de 10, 50 e 100 cruzados, mas, logo em seguida foram impressas novas estampas para os valores de 500, 1.000, 5.000 e 10.000 cruzeiros, seguindo o mesmo projeto gráfico iniciado em 1984.

1989 - A chegada do cruzado novo

Com o avanço da inflação, veio mais uma alteração do padrão monetário no Brasil: o cruzado (Cz$) deu lugar ao cruzado novo (NCz$), que tinha valor equivalente a 10.000 cruzados. Inicialmente, aproveitou-se as estampas dos valores de 1.000, 5.000 e 10.000 cruzados novos, que foram carimbados com os valores de 1, 5 e 10 cruzados novos. Posteriormente, foram produzidas novas estampas para as notas de 50, 100, 200 e 500 cruzados novos.

1990 - O Plano Collor e a volta do cruzeiro

Durante a implementação do Plano Collor, o padrão monetário brasileiro passaria por mais uma reforma, voltando a se chamar cruzeiro (Cr$). Inicialmente, circularam cédulas de 50, 100, 200, 500 cruzados novos carimbadas com o novo padrão, e a Casa da Moeda emitiu novas cédulas baseadas nos mesmos desenhos das anteriores. Mais tarde, foram desenvolvidas estampas inéditas para os valores de 1.000, 5.000, 10.000, 50.000 e 100.000 cruzeiros.

1993 - Cruzeiro real 

Já durante o governo de Itamar Franco, a inflação continuava a corroer o poder de compra da moeda brasileira – e, mais uma vez, a mudança do padrão monetário foi a solução. Três zeros foram cortados, e a moeda passou a se chamar cruzeiro real (CR$).

1994 - O real Cédulas da primeira família do real.

Na parte central do anverso, vê-se o valor em numeral arábico, acompanhado de uma efígie simbólica da República, reproduzida a partir de uma escultura. No reverso, dependendo do valor, há um animal da fauna brasileira.

2000 - Cédula em polímero

A primeira família do real ganha uma nova integrante: a cédula de 10 reais produzida em polímero. Alusiva aos 500 anos da chegada dos portugueses ao Brasil, a nota traz a efígie do explorador português Pedro Álvares Cabral no anverso e, no reverso, um painel retratando a diversidade étnica e cultural do país.

2010 - Segunda família do real

Surgem as cédulas da segunda família do real, mantendo a temática para os valores da primeira família, apesar de inseridas em um novo projeto gráfico: a partir de então, foram adotados diferentes tamanhos para cada cédula, uma forma de promover a acessibilidade de pessoas com deficiência.

2020 - A surpresa do lobo-guará

No início do ano, o Banco Central do Brasil observou um aumento repentino no uso de dinheiro em espécie. A constatação contrariava a tendência geral de disseminação de meios eletrônicos de pagamento e foi vista como um reflexo das incertezas geradas pela pandemia de covid-19. Em momentos de crise, é comum que pessoas e empresas façam um maior volume de saques para constituir reserva, reduzindo, assim, a quantidade de dinheiro em circulação. Atendendo à demanda por papel-moeda, o Banco Central lançou a nova cédula de 200 reais, desenvolvida a partir de um projeto pré-existente para a nota de 20 reais. O animal símbolo da nova cédula é o lobo-guará, que ficara em terceiro lugar no concurso realizado em 2001 para escolher os espécimes da fauna brasileira que estampariam o dinheiro do país. Os dois animais mais votados naquela ocasião foram a tartaruga marinha e o mico-leão-dourado, que foram utilizados, respectivamente, nas cédulas de 2 e 20 reais

Um fraternal abraço a todos 

Rudi De Antoni.:


Fonte:

• Catalogo de Papel Moeda Banco Santander.

• História do Dinheiro Banco central do Brasil.


 

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