2000 Réis - Duque de Caxias - Borda Poligonal de 1.937

O artigo Poligonal de 1.937, de autoria do amigo Antonio Tomaz, foi publicado em julho de 2.015, Boletim Nº 62, páginas 72 e 74 da Sociedade Numismática Paranaense.
POLIGONAL – 1.937 – Pega na curva!
Antonio Tomaz -
Ainda lá no Boletim nº 5, no longínquo ano de 1.997,
discorríamos sobre a real e legal existência da famosa Poligonal 37. No final
deixávamos no ar uma pergunta que até agora ninguém respondeu:
- Por que o Catálogo Santos Leitão, que havia iniciado as
suas edições em 1.932, teve uma edição em 1.940, daí em diante até os anos 80,
nunca sequer mencionou a existência de tal moeda? Também Prober, o baluarte da
numismática brasileira, nunca a incluiu em seus catálogos? Mais tarde em
comentários a declarou como falsa. Ainda após esse nosso então posicionamento
de 1.997, Eugênio Vergara Cafarelli, outro mestre da numária brasileira, se
posiciona claramente sobre a falsidade delas.
Vendo e examinando exemplares físicos, bem como fotos em
anúncios de vendas, concluímos que: essas peças podem ser divididas em duas
categorias específicas. As falsas e as falsificadas. Diferença? As falsas são
para enganar o erário. Falsificadas para enganar colecionadores neófitos e
bisonhos, segundo definição de Prober.
Comecemos pelas falsificadas. São de moedas autênticas,
adulteradas das de 1.937 serrilhadas. Portando a diferença está apenas e tão
somente na orla. O facetamento é feito sobre a serrilha. Alguns são tão mal feitos
que ainda aparecem um ou outro dente da serrilha. Por razões óbvias o seu
diâmetro é ligeiramente menor e o seu peso também. É o engana incauto!
Agora, as emitidas lá nos tempos do Estado Novo de 37, as
coisas são um pouco mais complicadas. Muito provavelmente a “base de operações”
não foi única. Há diferenças entre elas. O que foi e ainda é comum nesses
casos. Vários “operadores” e ao final só um leva a culpa. É o caso, por
exemplo, das “fininhas”, série de 2.000 réis de 1.924 a 1.934, têm falsas de todos
os anos. Só a d 1.924 identificamos 12 cunhos diferentes, mas os catarinenses é
que levaram a culpa. Será que só eles é que foram os responsáveis pelos 12
cunhos? Um caso mais recente é a de
1 real de 1.994. Foram identificadas 8 cunhagens distintas.
Até agora ainda não se decidiu quem é que ficará com a percha de falsário.
As “poligonais de 37”, de época, que mais aparecem,
apresentam de cara uma acentuada diferença do metal. É um amarelo mais claro,
puxando para o esverdeado, diferentes do bronze alumínio normal das moedas do
Brasil. Bem amarelas, sua composição é de 90% de cobre, 8% de alumínio e 2% de
zinco. Isso, após 1.935, as anteriores não tinham zinco e era aumentado em 1% o
percentual dos outros dois metais. Esse metal mais claro, esverdeado, é bem
comum nas moedas do Peru, é mais conhecido como latão. A sua composição varia
entre 60% e 70% de cobre e de 30% a 40% de zinco. Não há o elemento alumínio,
que segundo especialistas, ele é mais difícil de manobrar. A diferença,
comparada, torna-se acentuada. Não bastasse o metal, ainda temos: o seu peso é
menor, seu diâmetro idem e a espessura também. Foi uma cunhagem “mais
econômica”, digamos assim. Normalmente não temos balanças nem medidores às mãos
na hora de adquiri-las, fiquemos apenas no olhômetro com a lentinha, que
invariavelmente os do ramo têm no bolso.
Olhemos inicialmente as siglas: WT e OM. Na do Walter
Toledo, o T é mais acentuado que as normais. Mais grosso na parte superior. Na
do Orlando Maia, o OM é menor, mais fechado e mais distante de AS de Caxias.
Não é só aí. Na parte superior existe um descentramento e desalinhamento na
palavra Brasil entre os dois traços. O ponto central do punho da espada, nas
normais, está bem no centro da palavra Brasil. Bem entre o A e o S. Nas falsas
ele fica sob o A, descentrando o dístico. Com isso o traço a direita de Brasil,
que deveria ficar bem ao lado do 7`, acaba por ficar acima deste.
ORS de réis normalmente ficam ligados na parte inferior, as
falsas são normalmente separadas no lado onde está a figura de Caxias, a coroa
que aparece a esquerda, as pérolas que deveriam ser em arco, são retas. A aba
frontal do chapéu é quase que paralela às letras CA de Caxias, quando que nas
normais, o ângulo formado é bem maior.
Fica sempre difícil encontrar outras pequenas diferenças
pelo
estado que essas moedas aparecem. Das demais; 1.936, 1.937,
1.938 (ambas, poligonais e serrilhadas), são fáceis de encontrá-las FC ou S. Já
as “poligonais 37”, por motivos óbvios, só de MBC abaixo.
Meus caros confrades; deem uma boa olhada em suas peças. Se
elas forem amarelas esverdeadas, nem precisam ir adiante. É só mudá-las de
categoria. Caso sejam amarelas, bronze alumínio Brasil, peso e medida ajudam.
Uma boa olhada na borda também. Bem olhado, é possível que um ou dois dentes da
serrilha aparecerão. Outra, o facetamento não é regular, mecânico, mas
irregular, manual. Aquela do Brasil meio fora de centro também é uma ótima
dica.
Como nesse país nada é exato, não se pode ser específico em
nada, “não é politicamente correto”, então aventemos a possibilidade de
existirem delas autênticas. Não há registros disso em lugar algum, mas enfim...
A única possibilidade de tal fato ter ocorrido é aquela do jeitinho brasileiro,
da última hora. Pedido de urgência para ser entregue amanhã cedo... Ano de
1.938, cunhos facetados, (que não havia em 37), quebrou um dos cunhos, não iria
ficar pronta a encomenda, pega o cunho de 37 que estava ainda disponível e pau
na viola... ninguém vai conferir mesmo. Ninguém conferiu e nem anotou nada.
Passou e ninguém sabe nem quantas. Tal fato, em outros tempos, já havia
ocorrido. Nessa hipótese, se ocorrida, elas deveriam ser bem mais raras do que
realmente são. Ora, se a emissão tivesse sido razoável, elas teriam aparecido e
constado dos catálogos de época. Não só vieram a surgir 50 anos mais tarde.
Prober “varreu” a Casa da Moeda. Descobriu coisas do arco da
velha, que cita em suas várias obras, mas dessa... Das de época claro. Das
outras, bem dessas, são como de armas com canos circulares – para se atirar na
curva.
Fonte:
Antonio Tomaz – Artigo -Poligonal de 1.937 - publicado em
julho de 2.015, Boletim Nº 62, páginas 72 e 74 da SNP-Sociedade Numismática
Paranaense.
Antonio Tomaz - Sócio Fundador e Membro da Diretoria da SNP.
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