Carlos Drummond de Andrade - 50 Cruzados Novos -- Iconografia
Um livro de poemas em forma de cédula.
Anverso; traz efígie do homenageado e fixa alguns traços característicos da vida e da obra do poeta. No fundo de segurança da cédula temos a figuração de pedras representando o minério e o calçamento de caminhos e ruas da antiga Itabira, também estão representados o casario da cidade e as montanhas da região onde nasceu o poeta. O trecho manuscrito do poema "Prece do mineiro no Rio" é transcrito juntamente com sua assinatura. No canto direito, temos a auto caricatura de Drummond utilizada para o registro perfeito entre o anverso e o reverso.
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Reverso; no fundo de segurança da cédula temos o desenho característico do calçamento de Copacabana - Rio de Janeiro, onde o poeta viveu muitos anos e produziu a maior parte de sua obra.
Uma gravura representando o poeta em sua mesa de trabalho,
domina a parte frontal da cédula. À direita da gravura estão reproduzidos os
versos poema "Canção Amiga".
Emissão: 1989 a 1990 - Circulação: 16 janeiro de 1989 a 15 de março de 1990
Órgão Emissor: Banco Central do Brasil - Fabricante: Casa da Moeda do Brasil
Estampa foi aproveitada, por "carimbo" tipográfico, para o padrão Cruzeiro (1990)
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Imagem do casario da cidade de Itabira-MG, cidade natal de
Carlos Drummond de Andrade.
E trecho do poema "Prece de um Mineiro no Rio"
Prece de um Mineiro no Rio
Espírito de Minas, me visita,
e sobre a confusão desta cidade
onde voz e buzina se confundem,
lança teu claro raio ordenador.
Conserva em mim ao menos a metade
do que fui na nascença e a vida esgarça:
não quero ser um móvel num imóvel,
quero firme e discreto o meu amor,
meu gesto seja sempre natural,
mesmo brusco ou pesado, e só me punja
a saudade da pátria imaginária.
Essa mesma, não muito. Balançando
entre o real e o irreal, quero viver
como é de tua essência e nos segredas,
capaz de dedicar-me em corpo e alma,
sem apego servil ainda o mais brando.
Por vezes, emudeces. Não te sinto
a soprar da azulada serrania
onde galopam sombras e memórias
de gente que, de humilde, era orgulhosa
e fazia da crosta mineral
um solo humano em seu despojamento.
Outras vezes te invocam, mas negando-te,
como se colhe e se espezinha a rosa.
Os que zombam de ti não te conhecem
na força com que, esquivo, te retrais
e mais límpido quedas, como ausente,
quanto mais te penetra a realidade.
Desprendido de imagens que se rompem
a um capricho dos deuses, tu regressas
ao que, fora do tempo, é tempo infindo,
no secreto semblante da verdade.
Espírito mineiro, circunspecto
talvez, mas encerrando uma partícula
de fogo embriagador, que lavra súbito,
e, se cabe, a ser doido nos inclinas:
não me fujas no Rio de Janeiro,
como a nuvem se afasta e a ave se alonga,
mas abre um portulano ante meus olhos
que a teu profundo mar conduza, Minas,
Minas além do som, Minas Gerais.
Amém.
Carlos Drummond de Andrade
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Auto Caricatura de Carlos Drummond de Andrade.
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Poema Canção Amiga
Eu preparo uma canção
em que minha mãe se reconheça,
todas as mães se reconheçam,
e que fale como dois olhos.
Caminho por uma rua
que passa em muitos países.
Se não me vêem, eu vejo
e saúdo velhos amigos.
Eu distribuo um segredo
como quem ama ou sorri.
No jeito mais natural
dois carinhos se procuram.
Minha vida, nossas vidas
formam um só diamante.
Aprendi novas palavras
e tornei outras mais belas.
Eu preparo uma canção
que faça acordar os homens
e adormecer as crianças.
Carlos Drummond de Andrade
Um fraternal abraço a todos.
Rudi De Antoni.:
Fonte:
BCB, cédula de 50 cruzados novo
https://www.carlosdrummond.com.br/
Blog; Associação Amigos do Museu de Valores do Banco Central
Imagens:
Cédula da coleção de Rudi De Antoni
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