200 RÉIS – CARAVELA ou seria NAU?

 

Deixo aqui minha observação pessoal quanto a embarcação que aparece cunhada no reverso da moeda de 200 réis 1932 da série Vicentina.

Em todos catálogos que li até hoje apresentam como sendo uma Caravela, no entanto a embarcação que aparece cunhada na moeda trata-se de uma Nau.

Abaixo vou mostrar a nítida diferença entre as duas e porque faz mais sentido ser uma Nau, do que uma Caravela e cada um que tire suas conclusões



ANVERSO

Esfera armilar.

Na orla, IV centenário da Colonização do Brasil, 1532-1932.

Embaixo do equador a sigla CB do gravador Calmon Barreto

 

REVERSO

Nau quinhentista.

Na orla, 1532-1932.

No enxergo, o valor 200 réis em duas linhas.

A direita do valor a sigla BA do gravador Arlindo Bastos.

 

Dados técnicos da moeda:

Moeda de Cuproníquel

Diâmetro 30mm

Peso 8g

Espessura 2mm

Tipo de Borda Liso

Eixo Reverso Medalha

Cunhagem 596.214

Origem Casa da Moeda do Rio de Janeiro

 

 

NAU e CARAVELA


Em 9 de março de 1500, 13 navios da expedição de Pedro Álvares Cabral deixaram Lisboa, levando 1,5 mil homens.

Eram três caravelas (naves menores e ágeis, com até 50 toneladas) e 9 naus (com até 250 toneladas e capacidade para 200 pessoas) e uma naveta de mantimentos.

Além do tamanho, a principal diferença entre uma Nau e uma Caravela era o formato das velas.

A caravela foi o trunfo que fez de Portugal uma potência marítima até o século 18.

Ela era leve, mudava de direção com agilidade, navegava rápido contra o vento e chegava mais perto da costa do que navios maiores.

Outro fator importante para o domínio naval português foi a utilização de caravelas armadas com canhões.

As Naus foram embarcações com capacidade para cerca de 200 a 400 toneladas, levava uma tripulação de cerca de 200 homens, era uma embarcação muito forte e confiável e servia tanto para transportar colonos, tropas para as colônias nas Américas e África, como também para transportar mercadorias destas colônias e das Índias para à Europa, além de serem amplamente utilizadas para guerra.

Era uma embarcação de grande calado, possuindo três mastros, 2 com velas quadradas e o último com a vela latina. Era ideal para grandes viagens, pois não precisava de grande tripulação, em contrapartida era lenta e não era fácil de manobrar.

Então diante do exposto reafirmo que a embarcação que aparece no reverso da moeda de 200 reis Vicentina é uma Nau e não uma Caravela como temos visto amplamente sendo divulgado.

O amigo que está lendo este artigo deve estar se perguntando o que isso muda na minha vida se é Nau ou Caravela?

E eu respondo; não muda nada!

Mas porém, numismática é uma ciência e por ser ciência deve ser pautada em fatos.

Portanto, a  descrição dos elementos que compõem as moedas deve ser feito de forma correta.

Mas, isso de ser Nau ou Caravela são minhas observações e se você quiser chamar sua moeda de Caravela, lancha, barquinho fique à vontade.

O que me deixa feliz na numismática é que ela sempre está nos ensinando algo que desconhecemos ou relembrando algo antigo que por vez havíamos  esquecido.



Um fraternal abraço a todos.

Rudi De Antoni.:

 

Fonte:

Site Catálogo eletrônico - Moedas do Brasil

http://www.moedasdobrasil.com.br/moedas/vicentinas.asp

 

 Site Collect Prime - Série Vicentina: moedas dos 400 anos de colonização do Brasil -

PLÍNIO PIERRY

https://collectprime.com/.../serie-vicentina-moedas-dos.../

 

Site Revista Super Interessante- Como era a vida na armada de Pedro Álvares Cabral?

https://super.abril.com.br/.../como-era-a-vida-na-armada.../


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Série Vicentina, moedas Comemorativas do 4º Centenário da Colonização do Brasil

Vintém de ouro

1$000 MIL-RÉIS - 1870 - o que nos conta a cédula.