Medalhas Russas do Imperador D. Pedro II e a origem de sua coleção numismática.
Antes de entrar propriamente no assunto em pauta neste artigo, preciso por questão de justiça e reconhecimento deixa aqui meus agradecimentos a duas pessoas que por sua presteza e profissionalismo tornaram possível essa breve pesquisa.
São elas a Sra. Dayse Conceição e a Sra. Paula Moura Aranha.
Quero deixar meus agradecimentos
a Sra. Dayse Conceição – Coordenadora do acervo geral - Centro de coleções e
serviços aos leitores, CCSL – Fundação Biblioteca Nacional, pelo pronto
atendimento de meu questionamento e pela presteza oferecida.
Não posso deixar de agradecer
também e muito a Sra. Paula Moura Aranha - Museóloga - Núcleo de Acervo
Museológico – Numismática - Museu Histórico Nacional / Ibram, pela cordialidade
e alto grau de profissionalismo que demonstrou durante todos os contatos que
mantivemos.
O Imperador do Brasil na Rússia.
O Imperador Dom Pedro II, quando já
se encontrava nas terras do Czar Alexandre Nikolaevich Romanov o Czar Alexandre
II da Rússia, quando em visita a capital do Império Russo a cidade de São
Petersburgo, Capital do Império Russo e foi recepcionado em 31 de agosto de
1876 pelo emérito orientalista Ilya Nikolayevich Berezin e pelo inventor da
Tabela Periódica Dimitri Mendeleiev na Academia de Ciências da Universidade de
São Petersburgo.
O químico russo Dimitri
Mendeleiev preparou várias oficinas cientificas em salas para recorrer durante
a visita de Sua Majestade.
Cabe aqui ressaltar que aquela foi
a primeira visita de um chefe de Estado Brasileiro a Rússia.
Dom Pedro II, ao passar pelas
oficinas, falava como conhecedor, afeiçoado à leitura, durante as explicações
fornecidas, o Imperador descobria quase sempre quando haviam, discordâncias,
enganos e lacunas.
Por sua maneira de se portar, despertou
uma forte admiração, entre os professores russos, quando emitia opiniões
próprias sobre determinado assunto, sempre com conhecimento de causa, pedindo
novos esclarecimentos sobre casos controversos.

Conforme descrito pelo escritor
Argeu Guimarães, "sua maneira delicada, afável e comunicativa,
impressionou os docentes da Universidade de São Petersburgo, os quais, após a
partida do monarca, se reuniram para proclamá-lo membro de honra dessa
instituição, um título de doutor honoris causa, e oferecer-lhe várias obras,
tais como a História da Universidade de São Petersburgo de Grivoriev, a
Enciclopédia Russa do professor Berezine, uma História Natural e outras
publicações acadêmicas".
Dom Pedro II, visitou as vastas planícies
do império dos czares, as velhas cidades de cúpulas douradas, os campos
cobertos de trigo, a variedade de raças e de costumes, o interior pomposo das
igrejas ortodoxas com a sua liturgia imponente, tudo isso ficou plasmada na memória
e nos sentimentos do nosso Imperador.
Peregrinou de São Peterburgo,
Moscou, Kourah, Kiev , indo em direção ao
sul onde passou por Odessa, Sebastopol,
Livadia.
Na cidade de Livadia, que fica as
margens do mar Negro, Dom Pedro II encontrou-se com o Imperador da Rússia, o
Czar Alexandre II, Monarca de espírito justo e assim como Dom Pedro II um homem
de larga inteligência, que teve a coragem de abolir a escravidão em seus
estados desde 1855.
O Brasil apesar de menor em
território, teve seu processo de Abolição mais lento, 33 anos depois dos Russos,
mas, sabemos que Dom Pedro II se empenhou muito e comprou muitas brigas para
conseguir este feito aqui no Brasil.
Eles os dois Monarcas que mudaram os destinos de suas grandes nações, pagaram um alto preço por seus atos humanitários, sofrendo ambos um destino cruel, Alexandre II foi assassinado em um atentado em 1881, e Dom Pedro II morreu na penúria após ser exilado do próprio país em 1891.
Pedro II viajou para diversas partes do país e do mundo com o intuito de conhecer as diversas inovações tecnológicas e trazê-las para seu país natal, concomitante a isso com certeza o nosso Imperador trouxe muito material numismático de suas viagens.
Claro que isso é somente uma teoria, que estou tecendo, porque não tenho nenhum documento histórico que corrobore com está informação, sendo baseada em algo que julgo obvio para mim , ao menos este é meu entendimento.
Mas, existes alguns objetos que podem ser tomados como indicio do que citei acima, e este indicio está no acervo desta magnifica instituição o Museu Histórico Nacional que por sinal este ano em 2022 completa seu primeiro centenário.
Este indicio são medalhas Russas que fazem parte do acervo desta centenária instituição, que durante este artigo vou demonstrar a origem delas e como chegaram até o Museu de História Nacional.
Iniciemos então com as viagens de nosso Imperado, Vossa Majestade Imperial Dom Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga.
O primeiro tour de Pedro II se deu entre 1870 e 1871, pela Europa e África onde visitou países como Portugal, Inglaterra, Bélgica, Austro-Hungria e Itália e pelo Egito.
A segunda excursão foi marcada pela sua ida aos Estados Unidos em 1876, quando visitou Nova York, San Francisco, Nova Orléans e Washington, entre outras cidades, tornando-se uma figura popular.
Com este breve resumo de uma das viagens do nosso saudoso Imperador Dom Pedro II, serve como sustentação do início de minha humilde pesquisa, e conclusões pessoais sobre o assunto em pauta,
Pois, durante minhas andanças na internet pesquisando sobre numismática deparei-me com um documento histórico que hoje faz parte do
acervo da Fundação Biblioteca Nacional e encontra-se digitalizado e disponível
na internet.
O documento histórico a que me
refiro, traz o seguinte título:
"Ofício ao diretor da
Biblioteca Nacional, Raul d'Ávila Pompéia, remetendo a Coleção de Numismática
que se achava no Museu e que pertencem ao ex-imperador, conforme mandou o
Ministro da Justiça e Negócios Interiores por ofício n. 1744 de 22/11/1894'
Quando me deparei com este
documento senti uma euforia tão grande, que me fez relembrar as sensações que
tinha quando criança no dia de Natal.
O titulo me deixou em polvorosa,
precisava mais que urgentemente ler e conhecer o acervo numismático do
Imperador, algo que para mim era uma feliz novidade.
Baixei o documento do site da Fundação
Biblioteca Nacional e comecei a lê-lo, fiquei impressionado com a quantidade de
moedas e medalhas que haviam neste inventário.
Resolvi então entrar em contato
por e-mail com a Biblioteca Nacional no 14 de julho de 2022, para perguntar
sobre a coleção numismática pertencente a Dom Pedro II, que conforme este ofício
haveria sido transferida para está instituição no ano de 1894.
Apesar de ter pouca esperança de ser
respondido, minha incredulidade foi assolapada por uma resposta de um dia para
o outro, uma resposta precisa e concisa.
Sendo prontamente respondido no
dia 15 de julho de 2022, onde me foi informado que as peças que compunham a
coleção numismática pertencentes a D. Pedro II, foram enviadas para compor o acervo do Museu Histórico Nacional, conforme
print do e.mail recebido abaixo.
Uma excelente notícia, mais que depressa,
entrei em contato por e-mail com Museu Histórico Nacional no dia 15 de
julho de 2022, para tentar obter informações sobre as peças numismática da
coleção d D. Pedro II.
E novamente foi atendido com uma presteza e cordialidade digna do nome e da história do Museu Histórico Nacional conforme prints d e.mails recebido abaixo.
Me sendo informado que as peças numismáticas
pertencentes a Dom Pedro II do referido documento foram transferidas da Fundação
Biblioteca Nacional para o Museu Histórico Nacional em 1922 ano em
que foi fundado este museu.
E que foram incorporadas ao
acervo numismático desta magnifica instituição, que hoje conta em seu acervo do
setor de numismática atualmente conta com 150 mil itens é composta não apenas
de moedas, objetos fiduciários e medalhas, mas também por selos, condecorações,
cunhos e sinetes sigilográficos.
No acervo existem exemplares de
todo o mundo e de períodos diversos que ajudam a contar toda a história da
moeda, iniciando na Lídia até os dias de hoje.
Diante te tão auspiciosa noticia,
fiquei feliz e com meu coração mais sossegado pois temia que as referidas peças
pudessem estar no Museu Nacional, que incendiou em 2018.
Por fim, solicitei ao Museu
Histórico Nacional, imagens de algumas Medalhas Russas que compunham seu
acervo.
Mais uma vez fui eu, pronta e
cordialmente atendido em minha demanda.
Trago para os amigos o que
acredito ser algumas das medalhas pertencentes a coleção pessoal de nosso
Imperador Dom Pedro II.
Digo isso porque no inventário de
1894 constam, 272 medalhas representando Imperadores e homens notáveis da
Rússia.
O relato inicial da viajem do
Imperador Dom Pedro II a Rússia foi para corroborar com esta suposição de minha
parte me fazendo crer que possam ser elas, sim, as medalhas da coleção de D.
Pedro II.
Segue abaixo imagens do inventário
que faz parte do acervo da Fundação Biblioteca Nacional e das medalhas
que fazem parte do acervo do Museu Histórico Nacional.
Referências bibliográficas
· GUIMARÃES, Argeu. D. Pedro II e os Orientalistas
de São Petersburgo. Revista da Semana. Rio de janeiro, 14 jun 1941.
http://memoria.bn.br/pdf/025909/per025909_1941_00024.pdf
·
Site - Revista Isto É - Dom Pedro II o imperador
viajante.
https://istoe.com.br/107315_PEDRO+II+O+IMPERADOR+VIAJANTE/
·
Site- Revista Museu – As viagens do imperador
brasileiro pelo mundo.
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