Moedas comemorativas do Bicentenário da Independência do Brasil

 


Independente da polemica sobre o acesso ao site do Museu da Medalha para a compra das moedas, sobre o qual não pretendo participar.

 E independente também do gosto de cada um, pois já li e ouvi muitas reclamações de pessoas dizendo que não gostaram das moedas.

Apesar de a beleza ser algo muito subjetivo, parafraseando o poeta Ramón de Campoamor y Campoosorio "a beleza está nos olhos de quem vê", eu particularmente gostei das moedas de seus elementos gráficos e pelo seu conteúdo histórico.

Nelas contém dois quadros muito significativos para o contexto a que se propõem, são eles:

 O mais conhecido é o da moeda de 2 reais, o quadro de Pedro Américo “O Grito do Ipiranga”, mas mesmo assim a maioria dos brasileiros não conhecem a história da Independência, imaginem se sabem a história do quadro.

O outro da moeda de 5 reais é muito menos conhecido, o quadro de Georgina de Albuquerque "Sessão do Conselho de Estado". que conta outro momento histórico brasileiro que quase ninguém sabe.

Sem contar que tem um trecho do Hino da Independência que mais uma vez a maioria de nos brasileiros não sabemos décor a versão reduzida imaginem ele na integra. Alias, nem sabemos que existia uma versão maior e nem temos noção de como e quando foi criado.

Gostando ou não, agora elas fazem parte do acervo de moedas da numismática brasileira, e é com está visão que está postagem está sendo feita.

Então, sem mais delongas, partimos para esta viagem pela história contada nestas duas mais novas moedas brasileiras.

 


Moeda comemorativa PRATA – Bicentenário da Independência do Brasil


 

Características da moeda de prata:

Valor facial: 5 reais

Tiragem autorizada pelo Comunicado n°38.923 de 26/7/2022: 20 mil

Tiragem inicial:  5 mil

Peso: 28g

Composição básica: prata 999/1000

Diâmetro: 40mm

Bordo:  serrilhado

Método de cunhagem: proof

Concepção e projeto: Banco Central do Brasil e Casa da Moeda do Brasil

Fabricação: Casa da Moeda do Brasil

ANVERSO

O anverso da moeda tem o busto de D. Pedro I, em composição com imagem, em segundo plano, de cena do quadro "Sessão do Conselho de Estado", de Georgina de Albuquerque. Completam a composição as legendas "BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA – 1822- 2022" e "BRASIL".

 

Sessão do Conselho de Estado



Óleo sobre tela, de Georgina de Albuquerque (1885-1962), 1922, retratando a Sessão do Conselho de Estado, presidida pela Princesa Leopoldina.

Dona Maria Leopoldina Josefa Carolina de Habsburgo (Viena, 1797-Rio de Janeiro, 1826) foi arquiduquesa da Áustria e primeira imperatriz do Brasil, coroada 1º de dezembro de 1822, na cerimônia de coroação e sagração de D. Pedro I.

D. Pedro viajou a São Paulo em agosto de 1822 para apaziguar a política, pois temia-se que uma guerra civil separasse aquela província do resto do país. Era grande a insatisfação entre os brasileiros, já que Portugal pretendia chamar D. Pedro de volta e rebaixar o Brasil ao estatuto de colônia. Antes de viajar a São Paulo, D. Pedro entregou o poder a D. Leopoldina no dia 13 de agosto, nomeando-a chefe do Conselho de Estado e Princesa Regente Interina do Brasil, com poderes legais para governar o país durante a sua ausência do Rio de Janeiro.

D. Leopoldina recebeu notícias que Portugal estava preparando uma ação contra o Brasil e, aconselhada por José Bonifácio de Andrada e Silva, convocou uma Sessão do Conselho de Estado na manhã do dia 2 de setembro. Em seguida, enviou duas cartas ao Imperador D. Pedro, uma sua e outra de José Bonifácio, além de comentários de Portugal criticando a atuação do marido e de D. João VI. Em sua carta, incentiva D. Pedro a proclamar a Independência do Brasil de Portugal, advertindo-o: "O pomo está maduro, colhe-o já, senão apodrece".

O oficial entregou as cartas ao príncipe no dia 7 de setembro de 1822.

A obra rendeu a Giorgina Albuquerque o prêmio da Exposição de Arte Contemporânea e Arte Retrospectiva do Centenário da Independência, um concurso realizado no centenário da independência brasileira.

O objetivo do concurso foi selecionar as pinturas que melhor representassem acontecimentos históricos ligados à independência do Brasil.

O prêmio foi a compra do quadro pelo governo federal, para ser integrado ao acervo da Escola Nacional de Belas Artes.

O quadro foi doado pela escola ao Museu Histórico Nacional.

 

Descrição

A pintura de Georgina de Albuquerque foi produzida com tinta a óleo. Suas medidas são: 210 centímetros de altura e 265 centímetros de largura.

 As cores predominantes são laranja, rosa e amarelo.

Foi ressaltado que, no quadro, há "vida" e "movimento".

Ao fundo, há uma luz direta, proveniente de uma janela, possivelmente abrindo para um parque; essa luz contribui para que a tonalidade da pintura seja "quente" e "agradável".

As pinceladas são fortes e pouco definidas.

O objeto central no quadro é uma mesa de tampo retangular.

Trata-se de um objeto trabalhado, com três hastes esculpidas e pés arredondados. Há, além da mesa, cadeiras e um console, sobre o qual há um candelabro e um relógio que indica 11 horas.

O foco da tela é Maria Leopoldina, em reunião com o Conselho dos Procuradores Gerais das Províncias do Brasil, no Paço Imperial, no Rio de Janeiro.

Ela está de perfil, sentada numa cadeira cujo tecido tem motivos florais, no canto esquerdo da tela.

Apoia o braço esquerdo sobre a mesa, segurando folhas de papel, e o outro está sobre o da cadeira.

As folhas que a princesa segura são ordens para que Dom Pedro retornasse a Portugal. Na cena, a princesa é retratada como "articuladora política":

O modo com que faz [o retrato de Maria Leopoldina] também deve ser destacado: ela não está ao centro, com uma espada, e tendo abaixo os homens (ou o povo, se se quiser), tal qual aparecia nas pinturas alegóricas ou naquelas em que o herói era um homem.

Essa heroína é serena (contrariando a noção da mulher como um ser sem controle sobre suas paixões); não se coloca acima dos homens (mas eles lhe rendem homenagem, ainda que estejam mais altos); não faz a guerra, mas a articula; não dá "o grito", mas o engendra, sua força é intelectual.

Estão presentes na reunião José Bonifácio de Andrada e Silva, com quem Maria Leopoldina interage, e Martim Francisco Ribeiro de Andrada, sentado.

Com as mãos na mesa, ao lado do Patriarca da Independência, está Joaquim Gonçalves Ledo.

Atrás de Martim Francisco, está José Clemente Pereira. Atrás de José Bonifácio, estão Caetano Pinto de Miranda Montenegro, Manoel Antônio Farinha, Lucas José Obes e Luiz Pereira da Nóbrega.

Os conselheiros estão de uniforme, com calças claras e casacas verdes.

A reunião dá-se na ausência de Dom Pedro, em viagem a São Paulo.

A intenção de Albuquerque foi representar o momento em que a princesa, sob o conselho de José Bonifácio, prepara uma carta a Dom Pedro, incentivando-o a encerrar a situação colonial brasileira. É nesta famosa carta que Maria Leopoldina escreve: "O pomo está maduro, colhe-o já, senão apodrece". Dom Pedro recebe a carta em 7 de setembro de 1822, data que marca o "Grito da Independência".

O quadro porta a seguinte legenda, numa referência direta à análise da independência realizada por Rocha Pombo:

Convocou-se o conselho de Estado para o dia 1 de setembro (ou 2), às 10 horas da manhã.

Já estavam todos os ministros presentes no Paço. Fez José Bonifácio a exposição verbal do estado em que se achavam os negócios públicos, e concluiu dizendo que não era mais possível permanecer naquela dubiedade e indecisão, e para salvar o Brasil cumpria que se proclamasse imediatamente a sua separação de Portugal.

Propôs, então, que se escrevesse a D. Pedro que sem perda de tempo pusesse termo, ali mesmo, em São Paulo, a uma situação tão dolorosa para os brasileiros.

 

REVERSO

O reverso apresenta um trecho do Hino da Independência e a Bandeira do Brasil em movimento, além das legendas "2022" e "5 reais".

 

O Hino da Independência é uma canção patriótica oficial comemorando a declaração da Independência do Brasil. A letra do Hino da Independência, escrita pelo jornalista e político Evaristo da Veiga (1799-1837) em agosto de 1822, recebeu inicialmente o título de "Hino Constitucional Brasiliense", com música de Marcos Portugal.

Foi transformado em Hino da Independência, musicado por D. Pedro I, em 1824. Com a Proclamação da República, o hino foi gradativamente abandonado.

Somente em 1922, quando do centenário da independência, ele voltaria a ser executado.

 

História

De acordo com uma versão divulgada por Eugênio Egas em 1909, a música teria sido composta pelo Imperador na tarde do mesmo dia da Independência do Brasil, 7 de setembro de 1822 (quando já estava de volta a São Paulo vindo de Santos), tendo sido partiturado às pressas pelo mestre de capela da Catedral de São Paulo, André da Silva Gomes, para execução na noite desse dia, na Casa da Ópera (ao pátio do Palácio do Governo, antigo Colégio dos Jesuítas), por cantores e uma pequena orquestra.

A versão de Eugênio Egas, por outro lado, nunca foi referida nos jornais brasileiros de 1822 e nunca foi comprovada com documentação do período, tendo circulado somente a partir do início do século XX.

A letra do Hino Constitucional Brasiliense foi publicada pela Typographia do Diário, em 1822, conforme documentação do Arquivo Nacional.

 


LETRA DO HINO DA INDEPENDÊNCIA

Normalmente, as estrofes 3, 4, 5, 6, 8 e 10 são hoje omitidas quando o hino da Independência é cantado.

 

Hino da Independência

1

Já podeis da Pátria filhos,

Ver contente a Mãe gentil!

Já raiou a Liberdade

No Horizonte do Brasil,

Já raiou a Liberdade

Já raiou a Liberdade

No Horizonte do Brasil!

 

Refrão

Brava Gente Brasileira

Longe vá, temor servil;

Ou ficar a Pátria livre,

Ou morrer pelo Brasil.

Ou ficar a Pátria livre,

Ou morrer pelo Brasil.

 

2

Os grilhões que nos forjava

Da perfídia astuto ardil,

Houve Mão mais poderosa,

Zombou deles o Brasil.

Houve Mão mais poderosa

Houve Mão mais poderosa

Zombou deles o Brasil.

 

(Refrão)

 

3

O Real Herdeiro Augusto

Conhecendo o engano vil,

Em despeito dos Tiranos

Quis ficar no seu Brasil.

Em despeito dos Tiranos

Em despeito dos Tiranos

Quis ficar no seu Brasil.

 

(Refrão)

 

4

Ressoavam sombras tristes

Da cruel Guerra Civil,

Mas fugiram apressadas

Vendo o Anjo do Brasil.

Mas fugiram apressadas

Mas fugiram apressadas

Vendo o Anjo do Brasil.

 

(Refrão)

 

5

Mal soou na serra ao longe

Nosso grito varonil;

Nos imensos ombros logo

A cabeça ergue o Brasil.

Nos imensos ombros logo

Nos imensos ombros logo

A cabeça ergue o Brasil.

 

(Refrão)

 

6

Filhos clama, caros filhos,

E depois de afrontas mil,

Que a vingar a negra injúria

Vem chamar-vos o Brasil.

Que a vingar a negra injúria

Que a vingar a negra injúria

Vem chamar-vos o Brasil.

 

(Refrão)

 

7

Não temais ímpias falanges,

Que apresentam face hostil:

Vossos peitos, vossos braços

São muralhas do Brasil.

Vossos peitos, vossos braços

Vossos peitos, vossos braços

São muralhas do Brasil.

 

(Refrão)

 

8

Mostra Pedro a vossa fronte

Alma intrépida e viril:

Tende nele o Digno Chefe

Deste Império do Brasil.

Tende nele o Digno Chefe

Tende nele o Digno Chefe

Deste Império do Brasil.

 

(Refrão)

 

9

Parabéns, oh Brasileiros,

Já com garbo varonil

Do Universo entre as Nações

Resplandece a do Brasil.

Do Universo entre as Nações

Do Universo entre as Nações

Resplandece a do Brasil.

 

(Refrão)

 

10

Parabéns; já somos livres;

Já brilhante, e senhoril

Vai juntar-se em nossos lares

A Assembleia do Brasil.

Vai juntar-se em nossos lares

Vai juntar-se em nossos lares

A Assembleia do Brasil.

 

(Refrão)

 

_______________________________________________

Moeda comemorativa CUPRONÍQUEL – Bicentenário da Independência do Brasil



Características da moeda de cuproníquel:

Valor facial: 2 reais

Tiragem autorizada pelo Comunicado n°38.923 de 26/7/2022: 40 mil

Tiragem inicial:  10 mil

Peso: 10,17g

Composição básica: Cu 75% - Ni 25%

Diâmetro: 30mm

Bordo:  serrilhado

Método de cunhagem: brilliant uncirculated

Concepção e projeto: Banco Central do Brasil e Casa da Moeda do Brasil

Fabricação: Casa da Moeda do Brasil

 

ANVERSO

O anverso da moeda de cuproníquel mostra detalhe do quadro “Independência ou Morte”, de Pedro Américo, com destaque para a imagem de D. Pedro I empunhando sua espada, no momento do Grito da Independência. Completam a composição as legendas “BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA – 1822- 2022” e “BRASIL”.

 

Quadro de Pedro Américo “O Grito do Ipiranga”


O nome original dessa tela é “Independência ou Morte”, mas ficou conhecida como “O Grito do Ipiranga”. 

O artista Pedro Américo terminou de pintar o quadro em 1888 em Florença, na Itália (66 anos após a independência ser proclamada). Foi a Família Real que encomendou a obra, pois ela investia na construção do Museu do Ipiranga (atual Museu Paulista da USP).

A ideia da obra era ressaltar o poder monárquico do recém-instaurado império.

A obra representa a cena de Dom Pedro I proclamando a independência do Brasil. Na tela também aparecem à direita e à frente do grupo principal, em semicírculo, os cavaleiros da comitiva; à esquerda, e em oposição aos cavaleiros, está um longo carro de boi guiado por um homem do campo que olha a cena curiosamente.

O artista se preocupava em estudar todos os detalhes de seus quadros, como roupas, armas e os tipos físicos das pessoas. Para a produção deste quadro, ele se dirigiu frequentemente ao bairro do Ipiranga para conhecer a luz, a topografia e outros aspectos do lugar.

A imagem que consagrou o 7 de setembro é verossímil, mas não relata com exatidão o ocorrido no Dia da Independência. Essa cena foi produzida pela imaginação do pintor.

O próprio Pedro Américo reconheceu que seria impossível fazer uma relação entre a pintura e o episódio. Não apenas porque havia uma grande diferença de tempo, entre a tela pintada e a proclamação da Independência, mas também porque não seria possível reconstituir minuciosamente o acontecido, pois faltavam relatos.

 

REVERSO

O reverso tem as legendas “2022” e “2 reais”, um trecho do Hino da Independência e uma faixa verde-amarela em movimento. As cores verde e amarela como símbolo do País têm origem na Independência. Escolhidas por D. Pedro I, as cores são provenientes das casas de Bragança e Habsburgo e usadas na Bandeira do País desde o Primeiro Império.

LETRA DO HINO DA INDEPENDÊNCIA

Veja a descrição do reverso da moeda de 5 reais.

 

Um fraternal abraço a todos.

Rudi De Antoni.:

 

 

Fontes:

Site Wikipedia-

1-      Imagem original da letra do Hino da Independência

https://pt.wikipedia.org/wiki/Hino_da_Independ%C3%AAncia_do_Brasil#/media/Ficheiro:Hino_Constitucional_Brasiliense.jpg

 

 

Site Museu Histórico Nacional-

1-      Quadro "Sessão do Conselho de Estado", de Georgina de Albuquerque

https://web.archive.org/web/20180305202857/http://www.museuhistoriconacional.com.br/images/galeria26/mh-g26a015.htm

 

 

Sites BCB-

1-      Moedas de Prata - https://www.bcb.gov.br/cedulasemoedas/moedascomemorativas?modalAberto=mc_bicentenaria-prata

 

2-      Moeda de Cuproníquel -

https://www.bcb.gov.br/cedulasemoedas/moedascomemorativas?modalAberto=mc_bicentenaria-cupro

 

 

 

 

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